Monday, October 22, 2007

O sentido da vida!

Quero sempre lembrar das palavras de Morrie. (Professor Norte Americano de filosofia e psicologia social, no qual inspirou o livro – A última grande lição, o sentido da vida, do autor Mitch Albom).

“O ser humano acredita que é eterno e por isso esquece de fazer as coisas certas: não ama, não se doa, não sorri, vivem enfezados, mal humorados, não se abraçam, não se sentem, nem se percebem, muito menos realizam trabalhos voluntários na comunidade ou dentro da própria casa, etc”.

E se soubéssemos que viveríamos apenas mais 24 horas, o que faríamos com o nosso dia?

Então pensaremos em qual caminho seguimos, no que não realizamos, dos projetos que ficaram pelo meio do caminho, de tudo o que desistimos, no resultado que tivemos e na vida frustrante que fizemos por concretizar. Mas, a esta altura, o que importa, já é tarde demais; o pouco tempo que nos resta não permite que "consertemos" tudo o que precisamos.
O que fizemos com o nosso tempo, se desperdiçamos ou não, se fizemos da vida uma futilidade, se bem ou mal aproveitamos, não irá fazer mais diferença.

Quem sabe em uma próxima vida saibamos exatamente o que fazer para melhor saboreá-la.
Procuremos fazer de nossas "últimas 24 horas" o melhor momento de nossas vidas. Porque é só ela que temos, e é só do presente que se vive.

Temos por crença viver os dias acreditando que amanhã será o dia da colheita: hoje trabalho e planto e amanhã colho.

Então trabalhamos para que um dia, longínquo, quem sabe, possamos desfrutar de nossa labuta; mas esquecemos que o tempo não pára, ou seja, não espera que ganhemos todo esse dinheiro para que depois nos permita voltarmos uns quinze anos, para que tenhamos o pique e a juventude necessária de gozá-los em plena saúde.

Ou então, vivemos presos ao passado, nostálgicos, lembrando dos momentos agradáveis que tivemos. Muitos dizem: "Há, como eu era feliz e não sabia".

Não lembramos de que há apenas duas coisas que não são verdades neste mundo: o passado e o futuro; porque vivemos, verdadeiramente, apenas do presente.

A cultura deseja que acumulemos, acumulemos e acumulemos. Com qual propósito?

Este é o mau do ser humano: acreditar de que isso é necessário para se viver bem, o que nos faz esquecer do que precisamos de verdade.

Civilizações ameríndias viveram com o produto da caça e da pesca, e mesmo assim, extraindo somente o necessário. Tinham a consciência de que precisavam viver em harmonia com o meio ambiente e a natureza, pois sabiam que se abusassem, não teriam mais como sobreviver, pois um depende do outro - questão essa que até hoje não levamos a sério e que já podemos perceber as conseqüências de nossa soberba com a relação na natureza, os tsunâmis, furacões, terremotos, inundações, etc.

Enquanto os índios viveram por milhares de anos e com um grande número de habitantes até a chegada dos colonizadores - no qual praticamente exterminaram este povo, pois não "serviam" para habitar esse planeta -, eram muito desapegados, tanto é verdade que não foi possível nem escravizá-los, pois pouco dispunha de seu tempo para o trabalho, concentrando-se em seus esforços aos ritos religiosos e ao bem estar.

A sociedade vive apressada, literalmente batendo cabeça, porque, como disse o Professor Morrie, buscam o que precisam no lugar errado, e assim não sabem do que necessitam e qual o caminho certo a seguir.

O que nos é fundamental? Alguém poderia, por favor, me dizer? Ninguém mais sabe!

Eu preciso de um tecido para me vestir ou de uma calça de R$ 400,00?

Precisamos de alimento, mas desejamos um mousse de chocolate. Ficamos confusos e não temos certeza de quais são as nossas necessidades.

O celular que tira fotos já está praticamente fora de moda. Todos os dias observamos um novo modelo no mercado, com novidades que despertam no consumidor o desejo da compra, porque o modelo é menor ou tem uma melhor resolução de imagem para foto, além de gravar por mais tempo.

Será que é disso que precisamos? O que eu sei é que custa caro e muito caro para a vida e a saúde manter o sentido de poder que a sociedade impõe, o que inclusive fará com que esse mesmo aparelho celular tão desejado há meses, se torne obsoleto, retornando ao consumidor aquele ciclo feroz de buscar outra novidade.

Pelo que eu saiba a função de um celular é ligar e receber ligações, nada mais.
O resto é balela, produto de marketing, que é fresquinho a cada semana com o único objetivo de alavancar as vendas.

Lembro-me de que há aproximadamente sete anos um celular custava em torno de R$ 2.000,00 e poucas pessoas possuíam. Atualmente é o celular chamado de "tijolo", devido ao seu peso e tamanho, o que era principalmente, de péssimo sinal (as pessoas ficavam girando o celular no ar para conseguir se comunicar), e mesmo assim esbanjavam, todas orgulhosas de seus brinquedinhos que lhe atribuíam, um certo sentido de poder perante a sociedade.

Compramos para o outro e não para si mesmo. Os bens materiais são adquiridos para que os outros admirem e não para a sua própria necessidade. São exclusivamente para que os outros vejam e assim você acredita que esteja comprando respeito.

"Olhem meu carro novo", "o meu celular novo", "meu tênis novo", "minha roupa nova".
O carro por ter uma cor branca já é desvalorizado (devido à mesma cor de um táxi), mas é valorizado se tiver como acessório uma roda brilhante, chamada de liga-leve.

Então eu pergunto: com uma roda de ferro simples, o veículo não se movimenta da mesma forma?

E o que fazemos com o "poder" adquirido?

Seu chefe procura ser simpático com o diretor da empresa, que o verá sempre como um subordinado, e você, subordinado desse chefe que procura ser simpático com o diretor da empresa, sempre o verá como uma pessoa mesquinha, que sorri a quem convém. Hipócrita!
Na verdade, não acreditamos que a morte um dia vai chegar para todos.

Até que esse dia efetivamente chegue e morreremos e em pouco tempo teremos a nossa matéria consumida pelos vermes, eu pergunto: do que vale todo esse "poder" se não poderá ser usado ao meu favor eternamente?

"O avarento gasta mais no dia de sua morte do que em dez anos de vida, e seu herdeiro gasta mais em dez meses do que o avarento em sua vida inteira".(Jean de La Bruyère)

Resultado: trabalhamos mais, acordamos cedo, nos alimentamos mal, constantemente ficamos doente por causa da rotina estressante de um trabalho mal remunerado, ficamos nervosos com o trânsito, mal falamos com as pessoas de nossa casa, devido à falta de tempo.

Perdemos o contato com os amigos, ficamos desorientados e neste momento já estamos abduzidos pelo mercado como um mero objeto de consumo.

Então eu digo: Oba! Venham todos! Sejam bem-vindos ao maravilhoso século XXI. O ano das inovações tecnológicas e também da depressão humana.

O custo x benefício é extremamente negativo.

Nos afastamos dos amigos, da família. Não pensamos em nosso corpo e em nossa mente, não realizamos atividades esportivas, não fazemos exercícios, não nos preocupamos com o nosso bem estar.

Como exemplo, vejo o que é feito na maioria pelas mulheres, no qual sentem uma necessidade constante em emagrecer, pois é este o padrão de beleza que a sociedade impõe, de que uma mulher só é bem vista e bonita se for magra.

Então o que fazem para emagrecer. Exercícios? Alimentação balanceada? Têm paciência em obter resultados de uma forma saudável? Não!

Desejamos resultados do dia para a noite. Decidimos terminar com nosso "sofrimento", visível a todos, pela flacidez exposta, em no máximo dois dias.

Então se enpantufam com drogas, que causam dependência, tornando-se anorexias, com bulimias, o que fazem de nosso país o número um no consumo de drogas para emagrecer.

Parabéns ao Brasil, somos mais uma vez o país número um.
O que acho de tudo isso? Pura bobagem!!!

Pobres pessoas. Mal sabem que são meros instrumentos de indústrias farmacêuticas e de outros segmentos que indiretamente lucram com a paranóia humana. O que precisamos para ser belo não está na magreza, no rosto afinado, das costelas saltadas. Mas sim, na plenitude do espírito, a preparação da nossa alma para todo o sofrimento que passamos constantemente em vida.
Deveríamos olhar esse "sofrimento" como algo necessário para que tenhamos conhecimento e saber, pois é através da experiência cotidiana que nos tornamos seres evoluídos, melhores e podemos sentir o sabor da vitória e conseqüentemente, encontrarmos a beleza.

As boas realizações são desenhadas de dentro para fora. Ninguém é mais belo do que aquele que sorri, que tem um olhar brilhante, no qual reflete a alma humana.

Todos nós somos lindos, mas a sociedade de consumo quer dizer o tempo todo que você está feia (o), gorda (o) e se você não mudar, sua vida vai ficar uma droga.
Ninguém mais iria ganhar dinheiro se a mídia não conseguisse te convencer.
Precisamos consumir, consumir e consumir!
Consumir produtos de beleza, dos mais diversos, comprar a "melhor roupa", a televisão de 52" de plasma, o MP4, o Playstation, etc.

Como ficariam aqueles que necessitam de nossa "inteligência" para ganhar dinheiro?
Somos capazes de fazer o que quisermos.

Basta descobrirmos a beleza que cada um tem dentro de si. Automaticamente irradiaremos a tudo a e todos.

Observe uma pessoa que não tem o "padrão de beleza da sociedade". Se ela é feliz e vive constantemente com o sorriso estampado no rosto - mesmo que ouça dos outros que não tem uns dentes tão bonitos assim para escancará-los ou que não são dentistas para ficarem sorrindo o tempo todo, com todas essas brincadeiras - , torna-se impossível não reconhecê-lo como um ser bonito, lindo, dos mais belos.

Nos tornamos lindos ao sorrir!!! É só abrirmos um belo sorriso, sermos amáveis com todos e alegres com a vida que temos, e logo, toda a beleza individual resplandecerá no coletivo, cativando a todos.

Acreditamos piamente que temos a certeza e convicção do que precisamos para que nossa vida seja um sucesso, de todos os objetivos a serem traçados e de que, principalmente, já são bem claros em nossa mente.

Quer que eu adivinhe quais são todas essas “certezas”?
Pois bem! Acreditamos que só precisamos ganhar dinheiro, comprar um carro do ano, uma casa, ganhar mais dinheiro, comprar um apartamento, casar, termos filhos, ganhar mais dinheiro.
Quando nos damos conta da vida que levamos, já é tarde: ficamos doentes, sem dinheiro, sem amigos, convivendo com a solidão.

Não conseguimos mais dialogar com a família e então definhamos, morremos quase que sozinhos, tendo como único confidente o médico que cuida de nossa saúde debilitada.

E mesmo rodeado de filhos e alguns colegas, sentimos em nosso ser a solidão e a frustração das poucas realizações na vida, do que não conseguimos concretizar, de que não representaram nem a metade de tudo aquilo que desejávamos.

Se não frearmos o impulso compulsivo da cultura de massa, é este o fim que teremos.
Não acompanhemos a massa.

O cidadão do século XXI tem por característica desvalorizar com muita rapidez e facilidade o que adquire - resultado de uma neurose causada pela sociedade de consumo.
O que precisamos é de valorizar o amor entre as pessoas, de oferecermos um pouco mais do que somos, de nosso calor, de nosso abraço, de nossa amizade, enfim, de nossas palavras, não precisamos de muito! Nem de sermos ricos para oferecer o que somos, nem precisamos demonstrar o que temos - exibindo o carro moderno ou o melhor dos aposentos. Precisamos apenas que nos façamos presentes.

Valorizemos o nosso semelhante, no mais fundo de seu ser e dessa forma também nos valorizamos e teremos o reconhecimento do que somos de quem realmente importa, que é aquele que recebe a nossa poção de amor.

É automático o sorriso naquele que recebe um sorriso; é automático à vontade de abraçar daquele que recebe um abraço.

Façamos o mínimo. Não precisamos de muito, pois é através dos pequenos gestos que reconhecemos a grandeza do ser humano.

Concordo plenamente com São Francisco de Assis: "É dando que se recebe". E o mais importante é sentir o poder dessas palavras no coração e praticá-las.
Não desperdicemos o que temos de mais valioso, que é o nosso tempo. A todo segundo podemos emanar amor, contagiar a todos que nos rodeiam e assim mudarmos o mundo em que vivemos. Se não podemos mudar todo o mundo, mudemos o nosso mundo.
Agindo assim, abraçaremos a causa do que somos e caminharemos na direção correta, do que deve prevalecer sempre, que é o amor. Para viver bem é preciso saber morrer. Preparando a nossa matéria para a morte - que é inexorável a todo ser humano – podemos nos tornar seres desapegados e, ao compreendemos essa idéia, nos tornaremos o símbolo do amor, da solidariedade, da fraternidade e da paz.

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